segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Como educar o seu animal

Hoje em dia, os animais de companhia são tidos como mais um membro da família. Esta proximidade, embora potencialmente gratificante para donos e animais, pode também ser prejudicial, se deixarmos de tratar o cão como animal que é e o “humanizarmos” demasiado. Um dono pode gostar do seu cão “como se fosse um filho”, mas não deixar de o disciplinar e educar, porque até as crianças necessitam de saber os seus limites.

A agressividade por dominância é uma das causas mais comuns dos episódios de agressão dos cães e, para seu conhecimento, 90% dos episódios de mordedura são a membros da família adoptiva. Os resultados estatísticos mostram que existem diversos procedimentos que deve seguir para contrariar o aparecimento da agressividade por dominância:

  • Mexer na comida, não permitindo comportamentos agressivos (hierarquização),
  • Boa sociabilização do cachorro, promovendo o convívio com terceiros,
  • Não permitir comportamentos indesejados,
  • Castigar físicamente de forma moderada, quando necessário,
  • Não dar da sua comida e não lhe deixar alimento disponível durante todo o dia,
  • Interaja com o seu animal diariamente e permita-lhe exercício suficiente,

Existem ainda alguns factores que estatisticamente provam a predisposição de algumas raças ou de cães com determinadas características se tornarem agressivos, nomeadamente:

  • Mastins Napolitanos, Pastores Alemães, Cockers Spaniel Inglês unicolores, Fox Terriers e Caniches miniaturas,
  • Cães medrosos, ou seja, animais que não foram devidamente sociabilizados na sua juventude,
  • Cães com comportamento destrutivo, vocalização excessiva e eliminação de fezes ou urina em locais inadequados.

Se tem dúvidas que alguns comportamentos do seu cão possam ser considerados de agressividade por dominância, aqui ficam algumas coisas que deve poder fazer ao seu animal sem que ele rosne ou lhe tente morder:

  • Tirar-lhe qualquer objecto ou brinquedo,
  • Mexer na comida ou manipular qualquer recipiente em que o animal esteja a comer,
  • Passar ao pé do cão quando ele está com algum brinquedo favorito ou a roer um osso
  • Abordar o cão quando ele está a descansar,
  • Olhar fixamente o animal,
  • Manipular o cão: acariciá-lo, levantá-lo ao colo, escová-lo, mexer-lhe na boca, limpar-lhe os ouvidos,...
  • Repreender ou conter o animal em algo que ele queira fazer ou que esteja a fazer.

Se reconhecer que, em algumas destas situações, o seu animal reage de modo agressivo, deve-nos pedir conselhos sobre os melhores métodos de lidar com ele.

Deixamos em seguida alguns conselhos sobre como pode educar o seu cachorro, pois lembre-se: educar o seu cachorro é também um dever, constituindo uma garantia de coabitação harmoniosa entre o animal, o dono e o meio envolvente e da sua integração na sociedade.

Regras para ser bem sucedido:

  • Idade para começar – a capacidade de aprendizagem varia consoante o cachorro, mas é importante começar precocemente, aos 3 a 4 meses, em sessões de 5 minutos três vezes por dia. Aproveite o tempo que tem para brincar com o seu animal, introduzindo exercícios simples, sendo também simples e rigoroso nas ordens que lhe dá, não esquecendo a recompensa (festas e elogios são preferíveis ás guloseimas). A partir dos 6 meses pode aumentar o tempo de treino para 30 minutos diários.
  • Sociabilização – desde cedo deve diversificar o ambiente do seu animal e multiplicar os estímulos a que é sujeito: viagens de carro, contacto com estranhos e crianças e também com outros animais, para que não se torne medroso e potencialmente agressivo.
  • Castigo – nos cachorros, os disparates e comportamentos indesejáveis devem ser repreendidos com uma voz firme e categórica, não esquecendo que só será eficaz se for apanhado em flagrante.

Algumas dicas de como treinar o seu cachorro

Lição nº 1 – Ensiná-lo a reconhecer o seu nome

Não precisa gritar, o ouvido do cão é muito apurado: pronuncie lenta e claramente o nome do cachorro para captar a sua atenção e associe-o a todas as ordens que lhe der.

  • Se vier até junto a si, felicite-o e recompense-o com uma carícia.
  • Se demorar um pouco, não o repreenda: caso contrário, da próxima vez ainda demorará mais tempo!

Lição nº 2 – Ensinar o NÃO!

As suas ordens devem ser coerentes: o que proíbe num dia, não pode ser tolerado no dia seguinte, nem por outros membros do agregado familiar.

  • Desde a sua chegada, é fundamental incutir o sentido da palavra “Não” ao cachorro.
    Deve ser categórico e pronunciado num tom de voz firme e inequívoco, sempre que veja o cachorro cometer uma acção proibida.
  • Na aprendizagem, não hesite em dar-lhe uma palmadinha (castigo físico) no dorso do cachorro enquanto diz “Não”. O animal compreenderá de imediato o significado do “Não” adaptando o seu comportamento à mínima entoação da sua voz.

Lição nº 3 – A Higiene

Se o seu cachorro defecou em casa durante a sua ausência, não o repreenda! A repreensão só será eficaz se o apanhar em flagrante.

De modo geral, um cachorro recém-chegado a uma casa não é asseado, excepto nas áreas de repouso.

  • Leve o seu cachorro frequentemente à rua, se possível com intervalos de 2 horas durante o dia (saídas menos frequentes irão atrasar o processo de aprendizagem).
  • Faça-o, impreterivelmente, a seguir às refeições, ao despertar e na sequência de momentos de brincadeira.
  • Felicite-o através do tom de voz ou de carícias sempre que ele fizer as suas necessidades no local pretendido.
  • Se o cachorro começar a andar às voltas dentro de casa, espere que ele comece a fazer a necessidade para o impedir, erguendo-o no ar enquanto exclama “Não” com firmeza e leve-o à rua de imediato. Assim que ele tiver terminado as suas necessidades no exterior, acaricie-o e felicite-o.
  • Por último, não se esqueça que na cidade o asseio é um imperativo cívico, portanto lembre-se do saquinho!

Lição nº 4 – SENTA...., DEITA...., QUIETO!

É importante respeitar a cronologia indicada para a aprendizagem destas três ordens básicas, certificando-se que uma delas já está adquirida antes de passar à seguinte.
De início, estes exercícios devem ser realizados com trela, desde que o animal esteja familiarizado com a sua utilização.

  • Senta: Enquanto dá a ordem “senta”, exerça uma ligeira pressão sobre os rins do cachorro com uma mão, enquanto com a outra lhe mantém a cabeça erguida. Logo que o animal se sentar, felicite-o, acariciando-o enquanto menciona o seu nome.
  • Deita: Comece por fazer com que o seu cachorro se sente e coloque-se de cócoras junto a ele. De seguida, puxe suavemente as patas dianteiras para a frente enquanto dá a ordem “Deita”. Quando o animal estiver deitado, felicite-o através de carícias.
  • Quieto: Faça o cachorro sentar-se completamente à ordem “senta”, seguindo-a com a ordem “Quieto”. Movimente-se alguns centímetros à sua volta e se ele se levantar ou o seguir diga-lhe “Não!” e volte a colocá-lo na posição inicial, repetindo “Senta – Quieto”. À medida que o cachorro for evoluindo na aprendizagem deste comando, distancie-se cada vez mais, porém mantendo-o preso com uma trela ou uma correia.

Lição nº 5 – Passear com trela

Nunca bata no cachorro com a trela: esta deve ser sinónimo de passeio e de alegria, e não de castigo.
Tal como a higiene, quanto mais cedo o cachorro se habituar ao uso de trela mais fácil será a aprendizagem.

  • Habitue o cachorro à coleira e depois inicie pequenos percursos dentro de casa com ele pela trela, diversas vezes ao dia e por curtos períodos de tempo.
  • Segure a trela com folga e caminhe na sua cadência habitual: o cachorro deve caminhar junto a si, mantendo a trela flexível.
  • Sempre que parar, mande-o sentar, recompensando-o com uma carícia.
  • Se o animal puxar a trela, pronuncie “Não”, enquanto dá um puxão seco na mesma.

Lição nº 6 – A Chamada

Se o seu cachorro não obedecer à ordem “Aqui”, avance na direcção oposta e esconda-se: perturbado por se encontrar sozinho, o cachorro voltará rapidamente para junto de si!
Mais do que uma ordem, a chamada é um convite para o animal regressar para junto de si e receber carícias ou recompensas: a chamada deve ser relacionada com uma situação positiva, mas também exige bastante rigor da sua parte.

Lição nº 7 – A Separação

A solidão é uma realidade que o seu cachorro irá conhecer ocasional e regularmente e, por consequência, deverá estar preparado para a enfrentar.

  • Aproveite as ocasiões em que o animal esteja cansado para o habituar a estar sozinho.
  • De início, ausente-se apenas durante alguns minutos. Se o cachorro choramingar, regresse para junto dele, zangue-se com ele, e retire-se novamente. Quando regressar, se o animal estiver calmo felicite-o.
  • Progressivamente, poderá prolongar a duração das suas ausências para que se torne uma prática natural que dispense rituais de despedida ou reencontros exuberantes.

Lição nº 8 – As Refeições

Guloseimas ou sobras de refeições alteram o equilíbrio nutricional proporcionado pelo alimento completo administrado ao cachorro. Por outras palavras, se esta distribuição for excessiva ou regular, pode prejudicar a saúde do animal, favorecer a obesidade e incentivá-lo a mendigar alimentos durante as refeições dos donos.

As refeições devem caracterizar-se por um código de boa conduta que, uma vez respeitado, evitará bastantes comportamentos indesejáveis.

  • Adopte uma frequência correcta: até aos 6 meses: administre três refeições por dia, depois passe para duas até ao final da fase de crescimento.
  • Administre as refeições a horas fixas, no mesmo comedouro e no mesmo local, se possível, afastado do local de repouso do animal. Deixe sempre uma tigela com água limpa e fresca à disposição do cachorro.
  • O cachorro deve comer depois dos donos. Assim, compreenderá quem é o líder, pois é deste modo que se estabelece a hierarquia numa matilha.

Lição nº 9 – Como reagir quando o seu cachorro ladra a outros cães ou outras pessoas.

Se o seu cachorro reage com desconfiança a pessoas estranhas ou outros animais não deve ceder ao impulso de o acalmar com festas. Isso só lhe vai dar a falsa ideia de que é isso que o dono deseja. Qualquer comportamento indesejado deve ser reprimido com uma voz áspera. A agressão por medo não se corrige tentando acalmar o animal com mimos, mas evita-se com uma sociabilização precoce. A negligência é uma das principais causas de problemas comportamentais. Ao assumir a posse de um animal de companhia deve também assumir as responsabilidades inerentes: alimentação, abrigo, cuidados de saúde e também, tempo e atenção.

(Baseado em texto da Royal Canin)

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